ATA DA VIGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 18.09.1997.
Aos dezoito dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas e trinta e cinco minutos, constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à comemoração da Semana Farroupilha, com entrega do Prêmio Artístico "Lupicínio Rodrigues" a Cantora Marlene Pastro e ao Músico Neri Soares Gonçalves e o Prêmio Tradicionalista "Glaucus Saraiva" ao Poeta Luiz Menezes, nos termos do Requerimento nº 194/97 (Processo nº 2554/97), de autoria do Vereador Reginaldo Pujol. Compuseram a Mesa: os Vereador Clovis Ilgenfritz e Reginaldo Pujol, respectivamente, Presidente e 2º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Doutor Antônio Augusto Fagundes, Presidente do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore; o Senhor Dirceu Brizola, Presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho; o Senhor Dalci Carlos Matiello, representando o Vice-Governador do Estado do Rio Grande do Sul; o Senhor Vitor Hugo, Diretor do Instituto Estadual de Música, representando o Secretário Estadual da Cultura; o Tradicionalista João Carlos Paixão Côrtes; o Coronel Olandir Moresco, representando o Comando-Geral da Brigada Militar; a Senhora Marlene Pastro e os Senhores Luiz Menezes e Neri Soares Gonçalves, Homenageados; o Vereador Carlos Garcia, 3º Secretário da Casa. Ainda, como extensão da Mesa, foram registradas as presenças do Senhor Geraldo Soares e das Senhoras Leda Saraiva Soares e Maria Luiza Saraiva, respectivamente, genro, neta e filha do Senhor Glaucus Saraiva; do Senhor Lupicínio Rodrigues Filho e sua esposa, Senhora Lenita Barrichelo; das Senhoras Sônia Menezes e Nívea Fernanda Menezes, respectivamente, esposa e filha do Poeta Luiz Menezes; da Senhora Vera Lúcia Pastro, Irmã da Senhora Marlene Pastro; do Senhor Edmar Corrêa, Artista do IGPS; do Músico Eloadir Quevedo Corim, autor do Projeto Forças Vivas e fundador do Grupo "Os Andejos"; do Músico Vilmar Lanes de Almeida, integrante do Grupo "Os Andejos" e representante da Fundação dos Funcionários da Companhia Riograndense de Telecomunicações, CRT; do Senhor Amilton Braga, Coordenador-Geral da Secretaria Municipal de Cultura; de alunos da Escola Estadual de 1º Grau Santa Rita de Cássia. Também, foram registradas as presenças do Senhor Odi Borghetti, Diretor Administrativo do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore; do Jornalista Édson Otto, Diretor do Jornal Tradição; de "Betinho", Presidente da Escola de Samba Imperadores do Samba; da Senhora Nilsa Godoy, representando o Deputado Divo do Canto; dos Senhores Carlos Alberto Menezes, Luiz Afonso Menezes e Clóvis Menezes, filhos do Poeta Luiz Menezes; do Senhor Teodoro Menezes, irmão do Poeta Luiz Menezes; do Senhor Laerte Flores; do Senhor José Kimura. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, assistirem à execução do Hino Nacional, e concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome das Bancadas do PFL, PTB, PSDB e PPS, declarou ser a Revolução Farroupilha um dos marcos grandiosos não só da história do Rio Grande do Sul, mas de toda a história brasileira, analisando os objetivos de busca de emancipação política, econômica e social que motivaram esse movimento. Neste sentido, destacou a representatividade dos nomes de Marlene Pastro, Neri Soares Gonçalves e Luiz Menezes para a cultura gaúcha. A Vereadora Maria do Rosário, em nome da Bancada do PT, afirmando ser o povo gaúcho herdeiro da coragem dos que empreenderam a Revolução Farroupilha, salientou a importância do registro, por este Legislativo, da passagem do aniversário dessa Revolução. Também, agradeceu aos Homenageados a contribuição dada ao desenvolvimento da arte e da cultura de nosso Estado. O Vereador Elói Guimarães, em nome da Bancada do PDT, analisou o significado da Revolução Farroupilha para a construção do caráter do povo gaúcho, afirmando estar ela embasada nos princípios de "liberdade, justiça, igualdade e fraternidade", princípios esses sempre presentes na caracterização do homem gaúcho. Ainda, destacou a participação da Senhora Marlene Pastro e dos senhores Neri Soares Gonçalves e Luiz Menezes na história cultural do Rio Grande do Sul. O Vereador João Dib, em nome da Bancada do PPB, relembrou sua participação nas homenagens relativas à Semana Farroupilha durante o período em que esteve à frente do Executivo Municipal, discorrendo acerca dos prêmios hoje entregues e declarando serem eles o reconhecimento da Cidade ao trabalho realizado pelos Homenageados em prol da música porto-alegrense. O Vereador Carlos Garcia, em nome da Bancada do PSB e do Vereador Hélio Corbellini, teceu considerações acerca da importância do Prêmio Artístico "Lupicínio Rodrigues" e do Prêmio Tradicionalista "Glaucus Saraiva", salientando a justeza dos nomes escolhidos para sua concessão. Ainda, propugnou pelo apoio deste Legislativo à preservação da memória representada pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho. A Vereadora Clênia Maranhão, em nome da Bancada do PMDB, afirmou que a aprovação unânime dos prêmios hoje entregues simboliza o posicionamento deste Legislativo de também "pautar suas ações no resgate da história de seu povo", através da valorização de gaúchos e gaúchas que, com as "armas da emoção", hoje relembram aqueles que "no passado souberam com as armas e a coragem construir a sua auto-estima e a sua história". A seguir, o Senhor Presidente convidou os Senhores Sílvio Aquino, Lupicínio Rodrigues Filho e "Betinho", a procederem à entrega do Prêmio Artístico "Lupicínio Rodrigues" ao Músico Neri Soares Gonçalves; convidou os Senhores Lupicínio Rodrigues Filho e Antônio Augusto Fagundes a procederem à entrega do Prêmio Artístico "Lupicínio Rodrigues" à Cantora Marlene Pastro, e convidou a Senhora Maria Lígia Saraiva e os Senhores Antônio Augusto Fagundes e Paixão Côrtes a procederem à entrega do Prêmio Tradicionalista "Glaucus Saraiva" ao Poeta Luiz Menezes. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Homenageados, que agradeceram os Prêmios recebidos. Na ocasião, foram apresentados números artísticos pelos Músicos Neri Soares Gonçalves, este acompanhado da Mini-Bateria da Escola Imperadores do Samba, e Marlene Pastro. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem à execução do Hino Riograndense pela Cantora Marlene Pastro e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos, declarando encerrados os trabalhos às dezoito horas e vinte e cinco minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz e Reginaldo Pujol e secretariados pelo Vereador Guilherme Barbosa. Do que eu, Guilherme Barbosa, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Boa tarde a todos que nos honram com sua presença.
Estamos dando início à 22ª Sessão Solene, da Primeira Sessão Legislativa
Ordinária da XII Legislatura.
A Sessão Solene de hoje é em
comemoração à Semana Farroupilha com entrega do Prêmio Artístico Lupicínio
Rodrigues à Sra. Marlene Pastro e ao músico Neri Soares Gonçalves e, ainda, o
Prêmio Tradicionalista Glaucus Saraiva ao poeta Luiz Menezes. Inicialmente um
Requerimento transformou-se em Projeto de Lei do Legislativo nº 194, Processo
2554/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol. Ele foi o autor, mas a Câmara, por
unanimidade, passou a assumir, junto com o Ver. Pujol, a homenagem que hoje
está sendo feita.
Convidamos para fazer parte
da Mesa o representante do Prefeito Municipal de Porto Alegre, Sr. Rogério
Santana, Diretor-Presidente da PROCEMPA; nossos homenageados: Sra. Marlene
Pastro, Sr. Luiz Menezes e Sr. Neri Soares Gonçalves; o Presidente do Instituto
Gaúcho de Tradição e Folclore, Dr. Antônio Augusto Fagundes; o Presidente do
Movimento Tradicionalista Gaúcho, Sr. Dirceu Brizola; o representante do
Vice-Governador do Estado, Dr. Dalci Carlos Matiello; o representante do
Secretário Estadual da Cultura, Sr. Vitor Hugo - Diretor do Instituto Estadual
de Música; o tradicionalista João Carlos Paixão Côrtes e o representante do
Comando-Geral da Brigada Militar, Cel. Olandir Moresco. Convidamos os presentes para a execução do
Hino Nacional.
(É executado o Hino
Nacional.)
O SR.
PRESIDENTE:
Para iniciar, chamamos o proponente desta homenagem, Ver. Reginaldo Pujol, que
fala pela Bancada do seu Partido, o PFL, e pelas Bancadas do PTB, PSDB e PPS. O Ver. Reginaldo Pujol está com a
palavra.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Exmo. Sr. Clovis Ilgenfritz, Presidente desta Casa; Rogério Santana,
representante do Prefeito Municipal de Porto Alegre; Diretor-Presidente da
PROCEMPA; Sra. Marlene Pastro, Sr. Luiz Menezes, Sr. Neri Soares Gonçalves,
nossos homenageados; Dr. Antônio Augusto Fagundes, Presidente do Instituto
Gaúcho de Tradição e Folclore; Dr. Dalci Carlos Matiello, representante do
Vice-Governador do Estado; Sr. João Carlos Paixão Côrtes, tradicionalista;Dr.
Dirceu Brizola, Presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho; Vitor Hugo,
representante do Secretário Estadual da Cultura; Cel. Olandir Moresco,
representante do Comando-Geral da Brigada Militar.
Meu amigo Lupicínio
Rodrigues Filho e minha querida amiga, filha de Glaucus
Saraiva. Nos dois eu simbolizo o sentido desta nossa Sessão Solene da Câmara
Municipal de Porto Alegre, que se reúne no dia de hoje com o objetivo
fundamental de louvar o feito heróico
dos farroupilhas, que se constitui em um dos marcos gloriosos, um movimento de extremo
significado não só na história do Rio Grande como na história da Pátria na
busca de uma verdadeira afirmação e emancipação política, econômica e social.
Então, hoje saudamos aqueles ideais que foram sustentados pelos heróis de 35,
os quais continuam hoje mais vivos do que nunca, visto que a liberdade, a
igualdade, a fraternidade persistem como valores que continuam a ser
perseguidos por aqueles que, como nós, estão comprometidos com a luta pela
formação de uma nação socialmente justa, economicamente livre, politicamente
soberana e culturalmente desenvolvida.
Nesse sentido, propusemos
ainda, no ano de 1995, a oficialização da Semana Farroupilha como um ato a ser
efetivamente integrado na vida cultural da Cidade de Porto Alegre. Esse
Projeto, que nos foi inspirado por inúmeros tradicionalistas, em especial pelo
nosso quase irmão Luiz Valdemar Barcelos Dexheimer, aqui presente, passou, em
1996, pela chancela da Lei Municipal firmada pelo então Prefeito Tarso Genro, a
se integrar definitivamente no calendário de eventos da Cidade. No dia de hoje,
pela primeira vez, em caráter oficial e cumprindo a sua etapa naquilo que
dispõe a Lei, reúne-se a Câmara
Municipal e realiza esta Sessão Solene, que conta com a presença tão
brilhante e tão significativa deste público seleto que aqui comparece
prestigiando o evento e que tem a confirmar a importância do ato, circunstância
essa que decorre da própria Lei que instituiu o Prêmio Glaucus Saraiva, que
hoje será entregue ao segundo detentor dessa comenda.
Primeiramente o Prêmio foi
entregue, em 1996, para esse grande cidadão de Porto Alegre, Antônio Augusto
Fagundes, e, neste ano, por decisão unânime dos componentes desta Casa
Legislativa, ao meu conterrâneo Luiz Menezes, sabidamente um dos valores
maiores da nossa cultura e da nossa tradição. (Palmas.)
O Luiz Menezes, como todos
sabem, é um poeta, um compositor, um cantor, um guitarrista admirável, autor de canções imortais que evocam e dão um extremo valor à grande
pátria gaúcha e ao povo Riograndense Nasceu na minha querência de Quaraí, terra
abençoada, que nos concedeu a honra de contar, entre tantos brilhantes poetas
folcloristas, com o criador do admirável Piazito Carreteiro, canção cantada não
só por corais nativistas, mas também por aqueles que se dedicam aos clássicos
da música universal.
Somando-se ao Piazito
Carreteiro, Luiz Menezes nos oferece a Sentimental Ronda, que nos proporciona
este choroso verso:
"Tropeiro que passa,
rondando/A tropa cansada,/Qual sabiá longe do pago/Que canta noutra
ramada./Ali, na saga, campeiro,/As penas são versos tristes,/Da
ronda do coração."
Por essa imensa coleção de
riquezas poéticas, a nós presenteada por Luiz Menezes, é que todos nós, que
integramos esta Casa, entendemos como correto a concessão do Prêmio Glauco Saraiva, prêmio que lhe será entregue
nesta Sessão Solene.
Mas a verdadeira tradição
deste maravilhoso Estado não se limita tão-somente aos nossos trajes
peculiares, ao hábito de tomar chimarrão, aos nossos cavalos, às nossas
campereadas, aos nossos acampamentos. A nossa cultura vai muito mais longe, a
nossa cultura tem raízes muito mais
profundas do que, equivocadamente, alguns entenderam, por muito tempo, de nos
colocar como meros habitantes da extrematura meridional da Pátria: xucros, grossos
e, sobretudo, separatistas, que queríamos ver este Estado separado do Brasil.
Hoje, o esforço de homens,
como Antônio Augusto, como Paixão Cortes,
Barbosa Lessa, progressivamente desmistificaram essa realidade e, mais
recentemente, alguns gaúchos cantaram o Rio Grande, de forma totalmente
moderna, tem uma figura saída da nossa ilhota que é o mais porto-alegrense de
todos os cantores e compositores dos gaúchos. É evidente que falo do nosso
Lupicínio Rodrigues Filho, que simboliza o Rio Grande moderno, o Rio Grande que
chora por amor, que vibra com as coisas do cotidiano da nossa Cidade e de todo
o nosso Estado.
Para homenagear com a
distinção do Prêmio Lupicínio Rodrigues na Sessão alusiva à epopéia
Farroupilha, nós entendemos de inserir dois valores que representam, cada um a
sua maneira, o que de melhor apresentamos hoje, em termos de expressão cultural
da vida do Rio Grande, de um lado o nosso Neri Soares Gonçalves, que todos nós
conhecemos como o Neri da Imperadores do Samba, Escola tradicional do carnaval
popular de Porto Alegre. O Neri que também é um nativista, que participa das
grandes programações que se desenvolvem em campeiradas múltiplas pelo interior
do Rio Grande, acompanhando os nossos principais intérpretes. Com o Neri e
junto com ele nós complementamos a tríade, com uma homenagem que fazemos com
muito coração, a essa figura brilhante que surge na música nativista e que a
todos nos tem encantado pela sua erudição, pela sua cultura, pela sua qualidade
como intérprete, estou me referindo a minha querida Marlene Pastro, que hoje
receberá, junto com o Neri Soares Gonçalves, esta homenagem que a Câmara
Municipal entendeu de lhes tributar.
Todo esse conjunto de fatos,
a homenagem que se faz a esta mulher que interpreta com tanto vigor Anita
Garibaldi, Meus Sete Filhos Varões, Chica Papagaia, Carmisier Rose, Florisbela Boca Negra, a Marquesa de
Alegrete, a Joana Sacramento, a dona Mocita, a Titã, as Cores da Alma, e uma
Bela Balada para Eva Plaut são apenas alguns dos momentos com que ela, a nossa homenageada,
tem nos brindado ao longo da sua atuação como intérprete da música campeira, da
música nativista e da música universal.
Assim, penso que justifico
plenamente a todos aqueles que compõem esta ilustre assembléia, que hoje se
reúne aqui no Parlamento de Porto Alegre, razão pela qual, na Semana
Farroupilha, nós colocamos lado a lado a Marlene Pastro, o Luiz Menezes e o
Neri Soares de Gonçalves. Os três, cada um a seu modo, dizem a respeito das coisas do Rio Grande.
Neste período que se
aproxima do 20 de setembro, é bom, é recomendável, e, sobretudo, é um exercício
fecundo o cogitar da importância histórica
que representam em todo o
contexto da brasilidade as coisas que acontecem aqui na extrematura meridional da Pátria.
Todos sabem perfeitamente
bem que os ideais republicanos, que, alguns anos mais tarde, haveriam de gerar
a República Federativa do Brasil, tiveram aqui no Rio Grande o seu início em
35. E que a luta contra o centralismo obsessivo, que sempre caracterizou
estados deformados, teve na voz dos heróis farroupilhas o primeiro brado de
protesto a impedir que se propagasse sem que houvesse resistência.
Pois aos resistentes de
1935, nós, gaúchos de 1997, temos obrigação de nos somar para, com o canto da
Marlene Pastro, com a habilidade musical do Neri, com a poesia de Luiz Menezes e
com as verdades dos farroupilhas, reafirmar, anos após anos, o nosso
compromisso de gaúcho, que teimamos em ser brasileiros, porque não somos
brasileiros por determinismos geográficos, e sim por vocação histórica, porque
queremos sempre ter compromisso com o Brasil sonhado por todos nós, o Brasil
politicamente soberano, o Brasil socialmente justo, o Brasil economicamente
livre e o Brasil culturalmente desenvolvido. Para tudo isso, a Câmara de
Vereadores convidou os Senhores e Senhoras que estão presentes aqui para, em conjunto, reafirmarmos que continuamos fiéis aos ideais de
fraternidade, liberdade e igualdade que esperavam os nossos antepassados e que
tingiram de sangue as coxilhas do Rio Grande, mas que mantiveram intactos esses
ideais tão permanentes, tão construtivos, tão eficientes e tão brasileiros. Era
isso. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa tem a satisfação de registrar, além dos Vereadores já nominados,
a presença da Vera.. Clênia Maranhão, do Ver. Gilberto Batista. Queremos,
também, considerar como extensão da Mesa o Sr. Geraldo Soares, genro do Glauco
Saraiva; Sra. Leda Saraiva Soares, neta do Glauco Saraiva; Sr. Lupicínio
Rodrigues Filho, se me permite, Lupinho, filho do Lupicínio Rodrigues, e sua
esposa Lenita Barrichelo, minha conterrânea; Sra. Maria Luiza Saraiva, filha do
Glauco Saraiva; Sr. Edmar Corrêa,
artista do IGPS; Sr. Eloadir Quevedo Corim, músico e autor do Projeto Forças
Vivas e fundador do Grupo Os Andejos; Sr. Vilmar Lones de Almeida, músico,
integrante do grupo Os Andejos e Representante da Fundação dos Funcionários da
CRT. Também os alunos da Escola Estadual de 1º Grau Santa Rita de Cássia; nosso
companheiro e amigo Amilton Braga, Coordenador Geral da Secretaria Municipal de
Cultura; Sra. Sônia Menezes, esposa do Luiz de Menezes;. Sra. Nívea Fernanda
Menezes, Sr. Carlos Alberto Menezes,
Luiz Afonso Menezes e Clóvis Menezes, filhos do Sr. Luiz Menezes. Representantes
dos CTGs e demais convidados, parentes. E com muito prazer, também, registrar,
como extensão da Mesa, a Sra. Vera Lúcia, irmã da nossa Homenageada.
Seguramente, acontece alguma falha, mas, com o tempo, vamos citar esses nomes.
É muito importante a presença da Vera Lúcia.
Conforme eu havia acordado
com o Ver. Reginaldo Pujol, peço licença aos Senhores para me retirar desta
Sessão. Eu fiz questão de estar aqui neste momento, mas tenho necessidade de me
afastar. Abraço a todos e é uma grande honra ser o Presidente da Casa neste momento tão importante de saudação à nossa data magna. Um abraço especialíssimo
aos homenageados que tanto nos honram.
(Troca-se a presidência dos
trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): A Vera. Maria do Rosário está com a palavra
e fala em nome do Partido dos Trabalhadores.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: (Cumprimenta os componentes da Mesa.) Srs.
Vereadores, Vereadoras, senhores e senhoras aqui presentes. Quem são os gaúchos
desta época, final de século, virada de milênio? São homens e mulheres altivos,
quem têm o que dizer e fazer no seu tempo e é assim porque temos história,
identidade, porque olhamos para a história do povo gaúcho e reconhecemos nela a nossa própria construção como um povo de homens e mulheres valentes que
souberam em todos os tempos desafiar o momento histórico, desafiar - por que
não? - o poder de sua época constituído e dizer como queriam que esta terra
fosse." Esta terra tem dono", já se disse em outros tempos e ela
permanece tendo dono ainda para nós, na época em que vivemos, porque somos nós
herdeiros da luta, da coragem do povo Farroupilha. É por isso que numa tarde
como esta cabe, sim, à Câmara Municipal de Porto Alegre, registrar o
aniversário da Revolução Farroupilha. Cabe a todos, nós que representamos a
população de Porto Alegre, olharmos, sim, a nossa história e buscarmos nela a
identidade e a ponte para o nosso tempo
Ainda somos, como Estado,
muito penalizados; ainda vivemos, como Estado, muitas dificuldades. Por novos
nomes o fisco se apresenta: em algum momento, pelo chamado Fundo de
Estabilização Fiscal, em outros momentos, pela Lei Kandir, em outros, por
outros fundos. Ainda somos um estado que contribui muito para a Federação e
recebe muito pouco de volta para podermos gerenciar, de acordo com o nosso
desejo democrático e soberano, as políticas que são necessárias para a nossa
gente. É por isso que na nossa época é fundamental que ainda tragamos conosco,
que ainda cultivemos conosco os ideais de rebeldia, os ideais que não devem nos
assustar, mas, ao contrário, devem ser, na nossa referência histórica,
lembrados, porque este nosso povo já disse basta em outras vezes. Numa tarde
como esta, muito feliz, o Ver. Reginaldo Pujol quando propôs que juntássemos
esta reflexão acerca da Revolução Farroupilha com a homenagem que devemos prestar, através do Prêmio
Lupicínio Rodrigues, ao Sr. Neri Soares Gonçalves, o “Neri Caveira”, à Sra.
Marlene Pastro e, também, através do Prêmio Tradicionalista Glaucus Saraiva, ao
poeta Luiz Menezes.
Pela arte, pelo trabalho,
pela cultura, pela contribuição de cada gaúcho e de cada gaúcha, nesta tarde
nós entregamos uma comenda, algo singelo, mas, tenham certeza, os nossos
homenageados, que o fazemos como Vereadores e em nome de todo o povo de Porto
Alegre.
Gostaria de dizer, ainda,
que o nosso desafio é de dizer um sim a nossa época; é de sermos, sim, Anita
Garibaldi, todas nós; é de sermos, sim, heróis farroupilhas, todos nós; e dizer
que aqui, em nossa Câmara Municipal, existe um espaço de democracia para cada
cidadão poder firmar-se como um farroupilha. Muito obrigada e recebam um abraço
do Partido dos Trabalhadores. (Palmas.)
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Vamos registrar as presenças de: Odi Borghetti, Diretor Administrativo
do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore; jornalista Édson Otto, Diretor do
Jornal Tradição; Roberto, “Betinho”,
Presidente da Escola de Samba Imperadores do Samba; Nilsa Godoy,
que neste ato representa o ilustre
Deputado e Ex-Vereador desta Casa Divo do Canto; filhos de Luiz Menezes, o Carlos Alberto, Luiz
Afonso, Clóvis e netos.
Uma referência muito
pessoal, que me permito fazer, ao irmão de Luiz Menezes, o Teodoro Menezes, meu
grande amigo. Com as omissões naturais de quem se sente gratificado pela
presença de tantas pessoas ilustres, representativas da sociedade
porto-alegrense e gaúcha, dirigentes de partidos políticos, como Laerte Flores;
José Kimura, do Rotary Club; expoentes tradicionalistas; carnavalescos; figuras
de Porto Alegre que muito bem representam sua gente, eu peço vênia para anunciar
o próximo orador, que é o Ver. Elói Guimarães, que ocupa a tribuna pela Bancada
do Partido Democrático Trabalhista.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: (Saúda os componentes da Mesa.) Nosso amigo
Lupicínio, “Lupinho”, filho do nosso grande Lupicínio e esposa; Maria Luiza
Saraiva, filha do inesquecível e grande poeta e declamador Glaucus Saraiva;
Neri Soares Gonçalves; demais pessoas presentes: tradicionalistas, poetas,
cantores, declamadores, peões e prendas, enfim, tanta gente importante que
constrói essa realidade gaúcha que, em última análise, é a argamassa da
formação intelectual, da formação sociológica do homem da pampa meridional do
nosso País.
Esta, Sr. Presidente e
convidados, é uma grande Sessão, porque estamos a homenagear o maior
acontecimento da história de um povo, senão um dos maiores acontecimentos do
Brasil, que foi a grande saga dos Farrapos: a Revolução Farroupilha. Ali se
plasmou, ali se desenhou, não só no caráter, mas também na sua formação de
dignidade, na absorção dos princípios de liberdade, de justiça, de igualdade,
de fraternidade, um grande povo, que é o povo gaúcho.
Já disse, aqui, o Pujol, que
o Rio Grande é brasileiro não por um acidente geográfico, tampouco pelas manhas da diplomacia; ele é
brasileiro porque os nossos ancestrais, empunhando suas espadas e a casco de
cavalo, demarcaram as nossas fronteiras.
O tema é muito vasto para
ser examinado no espaço que se dispõe,
mas eu gostaria de destacar, da saga farroupilha, da Revolução de 1835, um
acontecimento que viria muito posteriormente: a Chama crioula, que se inicia em 1947. Aqui está presente um
dos seus líderes, um dos seus integrantes, que é o folclorista Paixão Côrtes.
Em 1947, todos sabem e
conhecem, os estudantes do Colégio Júlio de Castilhos tiraram uma centelha do
fogo da Pátria e ali acenderam o primeiro candeeiro crioulo que não haveria
mais de se apagar. E ali começa a se desenvolver, cria-se um suporte ideológico
e cultural para o desenvolvimento do que viria a acontecer ao longo dos 50
anos, que é exatamente o Movimento Tradicionalista, a Semana Farroupilha.
Este grande acontecimento
que contamina o Estado e transborda para além das nossas fronteiras, é um
momento espiritual; são os fogões gaúchos crepitando nos ranchos; é todo o povo
vocacionado para esse grande momento da Pátria, do nosso Estado, que é a Semana
Farroupilha. É um momento de grande reafirmação, de grande civismo e de pátria.
Nesses momentos, e em outros que já vivenciamos, é que construiremos uma grande
pátria, um grande povo, um povo heróico, varonil, um povo que muitas vezes
enfrenta dificuldades, que não são poucas. Mas aqui, no Rio Grande, este povo
está sempre com o pé no estribo, basta que as coisas e os acontecimentos não se
conduzam nos lindes das diretrizes da ética, da moralidade, que o gaúcho já levanta.
Então, é um grande momento,
essa homenagem que fazemos à Semana Farroupilha. Mas, no ventre deste ato
importante, estão aqui a serem homenageadas três grandes figuras construtoras
também desta realidade, desta verdadeira nação, a nação gaúcha, que é o Neri,
que, carinhosamente nos meios tradicionalistas e nos meios do carnaval é uma
espécie de centauro.
O Neri faz tradicionalismo,
é percursionista, é um grande cultor,
um grande vencedor dos nossos carnavais. e a Marlene Pastro, que tem uma magnífica
voz, eu diria até Marlene, que quando tu cantas tem-se a impressão de que se
ouve a calhandra no pampa Riograndense. (Palmas.)
E o nosso querido Luiz
Menezes, que é, indiscutivelmente, um dos melhores compositores que este chão
bendito já produziu; é o nosso Atahualpa Yupanqui. As suas composições, a sua
produção intelectual é algo fantástico, não só no campo da poesia , como no
campo da música. O Pujol já citou o "Piazito Carreteiro", mas há
coisas lindas que, infelizmente, à grande parte da juventude foi negado
conhecer, porque, num determinado momento, investiu-se sobre a cultura
brasileira e gaúcha com músicas que nada têm a ver com a nossa realidade e aí
se tirou de toda uma geração o conhecimento dessa verdadeira pérola que é a
produção musical e poética do Luiz Menezes." Última Lembrança", Luiz,
que coisa bela, que coisa linda "Eu hei de amar-te, eu hei de amar-te
além da vida, eu hei de amar-te muito além do nosso adeus, eu hei de amar-te
com a esperança já extinguida"...
e por aí se vai. "Maria da Fonte.". E no campo da poesia, de profundo
conteúdo revolucionário e sociológico, podemos citar:
"A morte do Pedro Ninguém
Veio a cantiga
da noite, na garupa do aguaceiro cabresteado pelo vento; até um relâmpago alçado andou pateando no espaço, peludeando
o temporal, mas oigatê, como faz frio neste
tal de mês de agosto. A voz do do preto Clarindo veio do fundo do rancho, onde
se velava o finado. Ô Juca, vai lá na venda e traz dois reais de 'galleta' e um
naco de fumo grande, que a noite vai ser comprida. O Juca pediu a bênção a seu padrinho Clarindo e se enfurnou noite
a dentro na direção do velório. Agora só as luzes clareavam os rostos sombrios
da peonada no velório onde o respeito era pouco, pois, entre ditos e risos,
iam-se contando 'causos', de carreiras, de peleias, de chinas maldomadas,
esquecidos do finado. Foi quando o Clarindo, compreendendo o desrespeito pelo
morto, tirou uma longa tragueada, pigarreando, para no final, sentenciar: 'o
homem que nasce pobre é como cavalo xucro, é pealado pela vida, sofre as domas
da tristezas, até que um dia se amansa, perde a vontade e a fé. Depois, depois,
já sem serventia, morre à beira do alambrado , esquecido, sem ninguém. Pois
vejam, amigos, nesta noite o Pedro já não existe, amanhã se vai o corpo, pois a
alma do coitado de há muito já estava morta. Andavam como andam miles de
guascas perdidos, fugindo pelos povoados das taperas. Por certo até a viúva,
quando souber que o pobre Pedro morreu, decerto vai chorar pouco. Chorar é para
quem tem tempo, e o tempo para o pobre é escasso para se lastimar à toa, quando
não existe remédio, nem esperança, não importa. Caramba, como faz frio neste
tal de mês de agosto! Devino, me passa a canha para esquentar o pensamento. Um
trovão rolou no espaço e chuva se viu cantando no funeral da saudade. Saudade,
ora saudade, a saudade não tem tempo de chorar Pedro Ninguém."
Apenas uma poesia entre
tantas poesias nesta linda linha do Luiz Menezes. E o Nico é quem as declamava com perfeição. Seu mano, o nosso
querido amigo Darci Fagundes, com o Luiz Menezes, tinha um programa que era um
recorde de audiência, o "Rodeio
Coringa", que as gerações mais velhas conhecem. Foi um grande momento o
programa "Rodeio Coringa", e tu e o Darci ajudaram a construir esta
realidade que hoje nós todos vivemos.
Portanto, Sr. Presidente, já
tomei o tempo e eu encerro dizendo que é um grande momento este que vivemos
aqui, homenageando a Semana Farroupilha, esse grande acontecimento da história
brasileira e o maior acontecimento da nossa história, e também homenageando
estas três figuras incansáveis no seu labor, na formação e criação de toda essa
realidade que nós vivenciamos no dia a dia. A todos a nossa homenagem e o nosso
muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: É com grande satisfação que anunciamos o próximo orador, que vai
demonstrar que esta Casa do Povo de
Porto Alegre é, realmente, uma Casa plural. Depois de ouvirmos o discurso da
nossa Vera. Maria do Rosário, que é a própria voz da mulher gaúcha e
porto-alegrense, ouvimos o voz de um guasca de Santo Antônio, dos aparados do
morro, e, agora, passamos a palavra a este vacariano de nascimento, e
porto-alegrense de coração, Ver. João Dib, que vai falar nesta homenagem em
nome do seu Partido e dos seus companheiros de Bancada, Ver. João Carlos Nedel
e Pedro Américo Leal. (Palmas.)
O SR. JOÃO DIB: (Saúda os Componentes da Mesa e demais presentes.) No ano de 1985, eu
tive a felicidade de ser Prefeito desta Cidade, quando se comemorava o
Sesquicentenário da Revolução Farroupilha. Como eu sempre digo que o tempo não
passa, nós é que passamos, mas podemos marcar o tempo, eu tive a felicidade de
poder marcar o tempo fechando a Av. Borges de Medeiros e também a travessa Luiz
Antunes, que lamentavelmente foi reaberta, para ali fazer a Praça
Sesquicentenário da Revolução Farroupilha.
Também tive o prazer de
receber nesta Cidade o neto de Garibaldi, a ele eu ofereci um poncho, com
recursos próprios, sem ônus para os cofres públicos, e tive a imensa satisfação
de vê-lo ostentando o mesmo poncho que o seu avô sustentou, nas colinas do Rio
Grande, no desfile Farroupilha, e o dia era quente, mas ele não o tirou, ficou
transpirando o tempo todo com aquele presente que ele recebia e que lhe trazia
junto ao coração novamente o seu avô.
Realmente, nós estamos há
162 anos da Revolução Farroupilha, quando, triunfalmente, entraram em Porto
Alegre os farroupilhas comandados por José Gomes de Vasconcelos Jardim e Onofre
Pires da Silveira, já que Porto Alegre estava do lado dos imperiais.
Há 162 anos o nosso Estado
realizava um movimento político-militar que redundaria, mais tarde, na
Proclamação da República, mas não na separação do Rio Grande do resto do
Brasil, porque o Rio Grande era brasileiro por convicção e opção. Se o resto do
Brasil se declarasse República, o Rio Grande a integraria com todo o prazer. Os
farroupilhas foram vencidos, mas não deixaram de ser brasileiros e não deixaram
de orgulhar a nossa Pátria com suas espadas e seus cavalos na Guerra do
Paraguai, trazendo os louros para o nosso Estado e para o nosso País.
Há necessidade de falar
daqueles que, hoje, dentro da Semana Farroupilha, são homenageados. E Cervantes
já dizia que "onde há música não pode haver coisa má". E hoje três
figuras da nossa música e do nosso canto estão sendo homenageados pelo povo de
Porto Alegre com o máximo de justiça: Neri Soares Gonçalves, nativista por
devoção, recebe o Prêmio Lupicínio Rodrigues. Luiz Menezes, poeta, compositor,
cantor, guitarrista, recebe o Prêmio Glaucus Saraiva. E a minha amiga Marlene
Pastro, que eu vi desde os primeiros passos, quando começou a cantar e a
crescer, para satisfação de todos nós, recebe o Prêmio Lupicínio Rodrigues.
Todos merecidos. (Palmas.)
Só me resta dizer -
diferente da maneira como eu encerraria o meu pronunciamento normalmente na
Câmara Municipal, dizendo “saúde e paz", direi: "viva o Rio Grande, viva o Brasil!” Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Garcia está com a palavra para falar por seu Partido, o PSB,
e também em nome do Ver. Hélio
Corbellini.
O SR. CARLOS GARCIA: (Saúda os presentes.) Primeiramente, falando em nome
do Partido Socialista Brasileiro e em nome do Ver. Hélio Corbellini, nós
gostaríamos de parabenizar o nobre colega Ver. Reginaldo Pujol pela iniciativa
de propor esta Sessão Solene em homenagem a Semana Farroupilha. Ao mesmo tempo,
homenagear com o Prêmio Tradicionalista "Glaucus Saraiva" o Poeta
Luiz Menezes. O grande Glaucus Saraiva, que nos deixou, mas que está sempre conosco,
porque a sua obra é infinita. O mesmo eu digo do prêmio “Lupicínio Rodrigues”,
que estão recebendo o Prêmio, hoje, a Marlene Pastro e o músico Neri Soares
Gonçalves.
“Lupinho”, o teu pai é
daquelas pessoas que o tempo vai passar mas elas são eternas.
Eu estou emocionado. Falar
de Marlene Pastro é falar da fibra da mulher gaúcha, que tu simbolizas,
mas tens a sensibilidade de ser, sem
sombra de dúvida, uma das maiores intérpretes da música gaúcha. (Palmas
Falar de Neri Soares
Gonçalves - se me permites, Neri - é falar do “Neri Caveira”, tu e tua
Imperadores, tricampeã.
Vou quebrar um pouco o
protocolo e me identificar mais com o
Luiz Menezes. E, por que com o Luiz
Menezes? Porque o irmão do meu pai era casado com a irmã do Luiz Menezes, Tia
Neuza. Eu ia ver o desfile com o Luiz Menezes, com o Carlos Alberto, o Clóvis e
o Luiz Afonso.
O Ver. Elói Guimarães
comentou muito bem. Eu era criança e nós assistíamos o “Grande Rodeio Coringa”
que marcou época. O meu pai nos levava para ver o “Grande Rodeio Coringa” e na
rádio sempre tínhamos que escutar Luiz Menezes, Darci Fagundes e o velho Júlio
de Freitas. Hoje vejo aqui dois expoentes, Antonio Augusto Fagundes e Paixão
Côrtes e hoje comemoramos os cinqüenta anos da Chama Crioula que já é o próprio
Movimento Farroupilha que tu e dois colegas do Júlio de Castilhos tiveram a
sensibilidade de resgatar. Esperamos que outros movimentos
tradicionalistas possam resgatar algo
inusitado do mesmo penhor.
Não poderíamos deixar de
citar Carlos Augusto Vampré que
sensibilizou os poderes públicos sobre a necessidade de oficializar a Semana
Farroupilha em 11 de dezembro de 1964
e, aqui, o Ver. Reginaldo Pujol propôs
que em todos os anos, nesta Casa,
fosse realizado este ato por
ocasião da Semana Farroupilha.
Gostaria de lembrar que a
Semana Farroupilha é um momento de reflexão para todos os gaúchos, um
momento para mostrar o valor do nosso
povo e de sabermos da importância de conservarmos as nossas tradições, mantendo
coeso e atuante o Movimento Tradicionalista Gaúcho, porque somos um povo que
felizmente tem memória e é necessário que os governantes e nós parlamentares
apoiemos esse movimento fortalecendo cada vez mais para que a chama da cultura
gaúcha continue sempre viva aquecendo os nossos corações. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra a Vera. Clênia Maranhão que falará em nome do PMDB.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: (Saúda os componentes da Mesa.) Senhoras e Senhores,
brasileiros e gaúchos que resgatam uma das mais importantes passagens da
história do nosso país: Marlene Pastro, Luiz de Menezes, Neri Soares Gonçalves.
A unanimidade desta Casa em
homenagear Marlene Pastro, Luiz de Menezes e Neri Soares Gonçalves é simbólica
do posicionamento deste Legislativo que não pauta apenas o seu trabalho na
necessidade de legislar novas leis, mas também de basear suas ações no resgate
da história do seu povo, da sua terra, de sua gente, de se inspirar na coragem
das mulheres e dos homens, na musicalidade dos seus artistas, no exemplo dos
seus cidadãos, gaúchas e gaúchos que no passado souberam com as armas a coragem
construir sua auto-estima honrando o Rio Grande do Sul e que hoje, com o
compromisso com a sua terra usam sua energia no resgate da sua história, mas
continuam a caminhada na construção do seu tempo.
Parabéns a todos que se
somam nesta tarde, nesta homenagem à Revolução Farroupilha, através dos gaúchos Luiz de Menezes, Marlene Pastro
e Neri Soares Gonçalves. A homenagem dos que fizeram o passado e dos que, hoje, com as armas da emoção, do poema, do
canto fazem perpétua a alma dos gaúchos. Parabéns por vocês existirem e por
enriquecerem o Rio Grande do Sul. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Gostaria de convidar o Presidente da Escola de Samba Imperadores do
Samba e o meu colaborador Sílvio Aquino e com Lupicínio Rodrigues Filho fazer a
entrega do Diploma ao músico Neri
Soares Gonçalves.
(É feita a entrega do
Diploma.) (Palmas.)
Solicitei ao “Lupinho” que
permanecesse conosco para, junto, com o
Antônio Augusto Fagundes entregar o Diploma a nossa querida Marlene Pastro.
(É feita a entrega do Diploma. ) (Palmas.)
Agora, um momento muito
especial, a lei que institui a Semana Farroupilha, determina, em uma de suas
disposições, que anualmente se realize, no período de 13 a 20 de setembro, uma
Sessão Solene nesta Casa, na qual, entre outras coisas, seja promovida a
entrega do prêmio tradicionalista "Glaucus Saraiva" a uma
personalidade vinculada ao nativismo que seja indicada pelos Vereadores.
Esse prêmio foi concedido
pela primeira vez em 1996, com muita justiça, ao grande tradicionalista Antônio
Augusto Fagundes que se encontra aqui hoje. (Palmas.)
Neste ano, os Srs.
Vereadores, por unanimidade, entenderam de distinguir um conterrâneo nosso que,
como eu já disse em meu pronunciamento, é xucro da minha querência, da minha
distante mas muito próxima Quaraí.
Para receber este título
convido o meu conterrâneo Luiz Menezes, e para entregá-lo convido a filha do
saudoso Glaucus Saraiva, a minha querida amiga Maria Lígia. E junto com a
madrinha Maria Lígia convido o primeiro portador desta distinção, Antônio
Augusto Fagundes e o grande tradicionalista Paixão Côrtes para estarem juntos
na solenidade.
(Procede-se a entrega do
prêmio.) (Palmas.)
Em prosseguimento, quero
conceder a palavra ao músico Neri Soares Gonçalves, o nosso “Neri Caveira”,
que, juntamente com a bateria mirim da Escola Imperadores do Samba, fará uma
homenagem a Lupicínio Rodrigues.
O SR. NERI GONÇALVES SOARES: Quero agradecer às autoridades, ao Vereador
Reginaldo Pujol, aos demais Vereadores e aos demais presentes por esta
solenidade de entrega do Prêmio Lupicínio Rodrigues. Peço a Deus forças para
continuar trabalhando em prol da música popular brasileira. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
(Apresenta-se a bateria
mirim da Escola de Samba Imperadores do Samba.)
O SR. PRESIDENTE: O Sr. Luiz Menezes está com a palavra.
O SR. LUIZ MENEZES: Sr. Presidente; Srs. Vereadores; autoridades; convidados; amigos de
causas tradicionalistas, se a vida é
feita de momentos bonitos, eu estou vivendo um grande momento. É uma honra para
mim, que eu transfiro aos meus filhos, aos meus netos, receber o prêmio Glaucus
Saraiva, esse homem que é uma legenda no
nativismo gaúcho, na poesia e na música do Rio Grande do Sul. Por uma
feliz coincidência, neste dia, nesta noite, os prêmios que aqui são entregues
trazem o nome de dois queridos amigos, pessoas com quem vivi: Glaucus Saraiva e
Lupicínio Rodrigues.
Se aqui estivesse o Glaucus,
certamente agradeceria a todos dizendo um verso. É o que eu faço neste
instante, oferecendo, naturalmente, este verso ao meu querido conterrâneo
Reginaldo Pujol, à filha de Glaucus Saraiva e, se me permitem, por extensão à
minha esposa, aos meus filhos, aos meus netos. É um verso que diz muito de mim.
Neste momento, me faz muita falta o Darci Fagundes, porque ele sempre valorizou
os meus versos:
" Venho do fundo do tempo,
há muitas luas que ando; sou o presente
cantando na harmonia do passado; sou um guasca venerado pela raça que forjei; o
pampa me fez seu rei. Sabes tu, então, quem sou? Venho do fundo do tempo, há
muitas luas que ando; sou um grito de
liberdade na orquestração do ideal; o indomável bagual de mestiça castiçagem;
que nem do tempo a voragem, nesse seu rito pagão, apagou a tradição , meu
candeeiro nativista. Sabes tu, então, quem sou? Venho do fundo do tempo, há
muitas luas que ando; trago tropés e entreveros gritando dentro de mim, o
avançar do clarim, nas epopéias gloriosas; trago a seiva dadivosa, onde a
vervenga lavoura tem sempre frescor de aurora como fruto do labor. Sabes tu,
então, quem sou? Venho do fundo do tempo, há muitas luas que ando; sou o
minuano gritando como um relincho perdido, que mais parece um gemido quando
passa na cumeeira; a lagoa feiticeira, que à noite possui estrelas, onde o
quero-quero ao vê-las, quer querê-las só para si. Sabes tu, então, quem sou?
Venho do fundo do tempo, há muitas luas que ando; sou o êra-boi do tropeiro; sou a carreta chorona, a voz rouca da
cordeona que se aquece nos fogões; sou o chimarrão dos galpões; sou laço, facão
e mango; sou o guasca no fandango, prendi a china à taful. E agora, sabes quem
sou? Sou o Rio Grande do Sul." Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em continuação a esta Sessão
Solene, passamos a palavra a nossa homenageada, Sra. Marlene Pastro, que,
certamente, irá cantar alguma canção de seu repertório e que, desta forma,
encaminha com chave de ouro as fases finais da nossa Sessão Solene. (Palmas.)
A SRA. MARLENE PASTRO: Sr. Presidente, autoridades aqui presentes, eu vou
ser bem breve nos meus agradecimentos. Eu não poderia deixar de agradecer,
nesta ocasião, àqueles que foram meus mestres e, evidentemente, um deles foi
Glaucus Saraiva, meu Professor na Faculdade de Música, na Cadeira de Folclore.
(Palmas.)
Outro, que era um professor
que tinha quase a minha idade e por quem cultivei verdadeira veneração, o Sr.
Antônio Augusto Fagundes, que integrou-se nesta comenda. (Palmas.)
Quero agradecer ao
Poeta Alegrentense, que hoje não está
aqui presente o do qual eu tive a graça de receber o poema Anita Garibaldi e
tive a inspiração e a felicidade de musicar os versos de Alci Cheuiche e Édson
Otto, que muito me ajudou e foi definitivo na divulgação desta canção.
(Palmas.)
Ao Gordo, que tantas vezes perneou comigo nos programas de
televisão. À Vera. Clênia Maranhão, que muito tem contribuído na causa
Garibaldina. (Palmas.)
E a um grande amigo
Vereador, que está ao lado de sua esposa Irena. (Palmas.)
Em especial, ao Luisinho
Dexheimer. (Palmas.)
Eu agradeço, também, ao
“Lupinho”, que meu pai conheceu pessoalmente o Lupicínio Rodrigues (Palmas.)
“Lupinho”, meu filho é aluno do teu filho.
Então a gente tem muitos
motivos para festejar e celebrar esta data de hoje. Eu acho que a melhor forma
de agradecer é através do canto. Muito obrigada!
(Não
revisto pela oradora.)
(A Sra. Marlene Pastro canta
a canção “Anita Garibaldi”.)
O SR. PRESIDENTE: Antes de encerrarmos esta Sessão - após ouvirmos o Hino do Rio Grande
cantado por Marlene Pastro - quero manifestar a minha satisfação de ter tido o
privilégio de presidir este ato tão importante na história deste Legislativo e
da Cidade de Porto Alegre. Sem dúvida, no dia de hoje demos um passo definitivo
à formação dos valores farrapos como compromisso indeclinável do nosso
Município e desta Casa.
Assim sendo, gostaria de
manifestar o meu agradecimento a todos que, de uma forma ou outra, contribuíram
com este evento, em especial, à Mesa, aos três agraciados, para simbolizar o
meu agradecimento na figura do “Lupinho’, que aqui representa Lupicínio
Rodrigues, na Maria Luíza, que representa Glaucus Saraiva, as suas famílias que
vieram testemunhar aquilo que, certamente, sentiriam eles se estivessem aqui
estivessem conosco. Eles haveriam de ficar felizes em saber que o seu Rio
Grande continua sendo cantado em prosa e verso e que todos esses cantos se
fazem com muito amor, alegria, fraternidade, espírito positivo de quem acredita
que o Rio Grande jamais perecerá, porque sua gente jamais permitirá.
Peço a Marlene que nos
brinde com o Hino do Rio Grande do Sul.
Convido a todos a partilhar dessa confraternização gaúcha, no andar térreo.
Muito obrigado.
(É executado o Hino do Rio
Grande do Sul.)
(Encerra-se
a Sessão às 18h25min.)
* * * * *